Prefácio
Atualmente espaços museológicos têm sua definição amparada por uma legislação federal (o Estatuto de Museus) e um conjunto de diretrizes internacionais que definem essas instituições como espaços que conservam, investigam e expõem conjuntos de coleções de valores históricos, artísticos, científicos, técnicos ou de qualquer outra natureza. Para realizar de uma maneira adequada as funções que são as suas razões de existir, os museus devem estar preparados em todos os setores em que se comprometem a atuar. Para tanto, é necessário que estes espaços estejam em condições mínimas de propiciar o cumprimento destas funções.
Embora possamos elogiar as legislações que surgiram na área museológica nos últimos anos, tanto os profissionais quanto os museus devem ir além da mesma e não apenas realizar esforços para cumprir uma determinada lei, mas para ser uma instituição que realiza corretamente a sua missão e que, principalmente, seja reconhecida pelo seu público como um local onde ele tem acesso às diversas informações e ações culturais que acontecem nos universos dos museus.
A prática da gestão de museus deve ser tornar uma rotina nesses espaços, e não ser apenas uma publicação que tem o intuito de mostrar que o museu está respeitando a legislação em vigor; nós precisamos avançar, temos que não apenas escrever esses documentos, temos que mudar os nossos cotidiano de trabalho para que a prática da gestão se torne uma rotina, e não apenas um dispositivo legal. As instituições museológicas devem estar preparadas para ser esses espaços valorizados pelos seus públicos, e estes só vão conseguir realizar essa mudança com um planejamento adequado.
Uma das etapas que fazem parte do planejamento museológico é a prática da conservação preventiva, onde os espaços museológicos utilizam metodologias para fazer a correta salvaguarda dos bens culturais que formam o seu acervo. Este documento junto com outras metodologias de gestão (Plano Museológico, Política de Acervo, Plano de Segurança, entre outros) é fundamental para reconhecimento institucional. Só assim a instituição e seus funcionários vão compreender o motivo de um espaço cultural existir.
A implementação destes conjuntos de normas e regras de procedimentos que se destinam a realizar uma correta conservação dos seus acervos, deve ser de conhecimento de todos os trabalhadores do museu, e deve delinear com clareza os objetivos e as finalidades da instituição.
Os documentos citados são instrumentos metodológicos que refletem o processo de reflexão da equipe, salientando a necessidade das pessoas diagnosticarem a situação real do museu (ou setor) e as medidas de planejamento para a adoção de decisões estratégicas. Não cabe apontar como razões para não se planejar a falta de tempo, o fato de se tratar de um museu pequeno, o desânimo ou mesmo a percepção de que se tem tudo guardado na memória. É necessário romper com esse pensamento, pois o planejamento cria subsídios para a preservação e a comunicação do patrimônio, fundamentando-se no uso eficiente dos recursos.
A prática da conservação preventiva em instituições culturais é um tema sempre recorrente na Museologia, porém pesquisas que se aprofundam em metodologias de conservação preventiva ainda são pouco divulgadas ou realizadas. Os motivos podem ser inúmeros, mas é possível afirmar que poucas são as instituições que permitem que sejam realizadas em seus espaços pesquisas nessa temática, principalmente quando são utilizadas metodologias que tenham em suas estruturas a etapa de diagnóstico.
Por isso aproveito essa oportunidade para parabenizar a Direção do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MAC-RS) que abriu a instituição para a realização desta pesquisa. Precisamos que mais instituições culturais entendam a importância destes estudos práticos para área e também que as elas observem que esses exercícios sempre têm o intuito de contribuir com a instituição e não realizar uma crítica vazia. O conhecimento pode estar numa resposta, mas para isso é necessário antes ter uma dúvida e realizar uma pergunta, mas quando as instituições estão fechadas para perguntas elas estão limitando o acesso a inúmeras informações e respostas.
Finalizo parabenizando os alunos da disciplina BIB03238 – Práticas em Conservação Preventiva e sua professora Jeniffer Cuty, pela iniciativa de realizar tal proposta e pelo rico exercício que fica para os profissionais, pesquisadores e estudantes da área da preservação do patrimônio cultural. Fica o desejo para que aconteçam diversos outros exercícios similares a esses e que mais pesquisas sejam realizadas nessa área.
Elias Machado
Museólogo pela Unirio (2008), mestre em Patrimônio Cultural pela Universidade Federal de Santa Maria, tendo se dedicado em sua dissertação ao tema da Segurança em Museus. Atua como museólogo na Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul desde 2009.
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