Página Anterior      Próxima Página      Página Inicial  

           Citando Charolles (1978) e os autores nele inspirados (como TRAVAGLIA, 1995, entre outros), parece estar-se definindo o enfoque teórico no qual se embasa o conteúdo exposto na sequência.
           Charolles escreve uma afirmação que é fundamental para um primeiro passo no entendimento das relações de coerência em um texto: “Não é qualquer conjunto de palavras que produz uma frase [...] da mesma maneira que [...] um conjunto de frases não produz um texto” (pp.39; 40). Partindo desse pressuposto, compreende-se que, entre a construção de uma frase ou de um texto e sua correta (ou adequada) compreensão pelos seus receptores (leitores, ouvintes, interlocutores...), há vários itens a levar em conta: um deles, talvez o principal, a coerência.
           Observe-se, por exemplo, a riqueza pragmática da situação expressa pelo seguinte diálogo ³ :


“Ring, ring, ring”
- Ana, o telefone!
- Estou no banho.
- Ok.                      

           Sem a presença dos marcadores de coesão (assunto do capítulo 4) o texto parece incompleto. Porém, ao lê-lo – considerando-se ser a transcrição de um diálogo falado – percebe-se que é totalmente coerente e compreensível. Por isso, utilizou-se a expressão “riqueza pragmática”, pois a compreensão desse diálogo, na situação prática de uso, é possível; na escrita (considerando-se níveis linguísticos que não levem em conta diretamente o uso da língua, como morfologia, sintaxe...) faltariam elementos para o entendimento.
           Dando mais um passo na compreensão do sentido de “coerência”, é possível dizer que um texto coerente poderia receber esses adjetivos, ademais de outros tantos: compreensível, direcionado ou focado, informativo, adequado (à situação de uso, ao mundo e a ele mesmo), completo etc.

        
32
 ³ Adaptado de MORAES (1986).

   Página Anterior      Próxima Página      Página Inicial