O propósito comunicativo é o critério privilegiado que faz com que o escopo do gênero se mantenha relacionado estreitamente com uma determinada ação retórica compatível com o gênero. Além do propósito, os exemplares do gênero demonstram padrões semelhantes, mas com variações em termos de estrutura, estilo, conteúdo e público-alvo. Se forem realizadas todas as expectativas em relação àquilo que é altamente provável para o gênero, o exemplar será visto pela comunidade discursiva original como um protótipo. Os gêneros têm nomes que são herdados e produzidos pelas comunidades discursivas e importados por outras comunidades. Esses nomes constituem uma comunicação etnográfica valiosa, porém tipicamente precisam de validação adicional. (1990, p.58)

           Complementando suas considerações, Swales (1998) acrescenta que o “texto está fundado no contexto retórico e social. Dessa forma, as características dos gêneros, tais como estrutura, conteúdo e traços léxico-gramaticais, concorrem juntamente com as características da comunidade discursiva, considerando, assim, expectativas, valores e práticas sobre o gênero”.
           Charles Bazerman, por sua vez, define gênero como:

“tão-somente os tipos que as pessoas reconhecem como sendo usados por elas próprias e pelos outros. Gêneros são o que nós acreditamos que eles sejam, isto é, fatos sociais sobre tipos de atos de fala que as pessoas podem realizar e sobre os modos como elas os realizam. Gêneros emergem nos processos sociais em que pessoas tentam compreender umas às outras suficientemente bem para coordenar atividades e compartilhar significados com vistas a seus propósitos práticos” (2005, p. 31).

            Na sua conceituação de gênero, Bazerman relaciona não apenas as proposições clássicas de gêneros, como estes vistos numa perspectiva social discursiva, mas também com outras implicações advindas da teoria dos atos de fala de John Austin e John Searle, bem como a concepção de sistema de atividades (definido como a escolha feita pelas pessoas envolvidas na produção de um gênero, identificando assim um frame que organiza o seu trabalho, sua atenção e suas realizações).