Sob uma perspectiva científico-pedagógica, apoiada em estudos da Psicolinguística, especialmente de Gombert (1992), Pereira (2010) sugere um ensino que entenda a leitura como processo cognitivo que implica a abordagem de estratégias de leitura como caminho possível no encontro de soluções dos problemas de ensino deste país. Na concepção defendida pela autora, apoiada também em Smith (2003), o trabalho de leitura deve estar vinculado ao desenvolvimento da consciência linguística do aluno, o que supõe a reflexão sobre as pistas fônicas, mórficas, sintáticas, semânticas, pragmáticas e textuais deixadas pelo autor.
Para esses autores, a exploração linguística do texto e o consequente desenvolvimento da consciência linguística abrem o caminho para o aprendizado e aprimoramento da leitura. Sob essa perspectiva, o trabalho escolar de ensino da leitura deve estar associado ao desenvolvimento da consciência linguística do aluno, sendo para isso necessário organizar atividades linguístico-pedagógicas que tenham como foco os elementos fônicos, mórficos, sintáticos, semânticos, pragmáticos e textuais presentes no material de leitura. É importante propor atividades que exijam o uso de estratégias leitura, que devem ser variadas, sendo, para isso, necessário propor situações diversificadas.
Muitas pesquisas procuram investigar a escolha e o uso das estratégias de leitura em diferentes suportes de leitura. De acordo com Pereira (2010), estudar as estratégias que o leitor utiliza proporciona ferramentas para o ensino da leitura como uma atividade que envolve operações regulares para abordar o texto. Em pesquisa conduzida por Pereira (2009) que teve, entre seus objetivos, o de investigar as estratégias de leitura de um e-book, apresentado em três formatos (html, pdf e lit), em que um software capturou os procedimentos de leitura de leitores acadêmicos, a pesquisadora constatou que a preferência dos leitores foi pelo uso das estratégias de leitura scanning e leitura detalhada.